Nordeste brasileiro: a indústria da seca

A seca e a estiagem atingem toda a região Nordeste do Brasil, além do norte de Minas Gerais. Ambas são fenômenos climáticos naturais causados pela falta de chuva, mas enquanto a estiagem ocorre em intervalos de tempo a seca é um fenômeno permanente.

Esses fenômenos não causam somente grandes desequilíbrios hidrológicos, mas também econômicos e políticos. Com a má distribuição dos recursos naturais, sobretudo a água e a terra fértil, muitas famílias acabam migrando para outras regiões (êxodo rural) em busca de melhores condições de vida.

O agravamento das secas ocorre principalmente por culpa do homem, que tira da terra o máximo possível para sua produtividade e não se preocupa em repor. O principal fator ainda é o desmatamento excessivo em torno das nascentes. Sem a vegetação, o solo frágil e arenoso não resiste e a região torna-se árida; com isso, a intensidade das chuvas diminui e o lugar acaba sendo tomado pelas caatingas ou virando deserto.

O sertão nordestino sempre conviveu com a seca, mas até meados do século XIX seus governantes não se preocupavam com esse problema, pois as atenções da época estavam totalmente voltadas ao lucro e ao desenvolvimento da Zona da Mata nordestina. Na segunda metade do século XIX, porém, a plantação de café no Sudeste começou a brilhar e a Zona da Mata ficou em segundo plano. Só então o governo nordestino voltou seus olhos para a seca e a miséria do sertão, transformando-as na principal imagem de atraso do Brasil da época.

Só nos primeiros 4 meses de 2009 mais de 400 mil pessoas foram afetadas pela falta de água. O principal rio de Pernambuco, o Pajeú, teve seu leito tomado por bancos de areia. Já no Ceará, moradores de Mombança estão sem água desde o final de 2008 e a água dos poços não serve para beber ou cozinhar.

Para combater os efeitos da seca e da estiagem, o governo brasileiro tem construído açudes, poços e cacimbas (buracos cavados nas margens de rios que estão secando), além de cisternas (reservatórios) para captação de água da chuva. Desde 2003 já foram construídas 226 mil cisternas, e a meta é chegar a um milhão até 2015.

As cisternas utilizam uma tecnologia que permite o armazenamento de até 16 mil litros de água, que são utilizados pelas famílias para cozinhar e fazer a higiene básica durante os períodos de estiagem.

Estão sendo construídas também cisternas voltadas à produção de alimento, já que a maioria dos nordestinos vive da agricultura de subsistência.

Durante os períodos mais críticos, o governo fornece, ainda, recursos para ser aplicado nas áreas mais atingidas, distribui cestas básicas para a população e concede o perdão total ou parcial das dívidas de fazendeiros. Esse processo é chamado de “indústria da seca”, em que muitos se beneficiam de forma política e financeira com a situação.

A diversidade climática do território brasileiro é muito grande. Dentre suas causas, destacam-se a fisionomia geográfica do país, a extensão territorial, o relevo e a dinâmica das massas de ar que atuam diretamente nas mudanças climáticas regionais – temas que, interligados com o problema da seca, caem com certeza em questões de geografia e geopolítica.
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1 Response to "Nordeste brasileiro: a indústria da seca"

  1. Luiz Inácio Lula da Silva é um neocoronel, aproveita-se da seca e da pobreza do semiárido. A transposição do Rio São Francisco consome recursos públicos e ignora as prioridades da região, há 70 mil açudes e a água precisa ser melhor distribuída. O livro Seca e Poder - Celso Furtado (Editora Peseu Abramo) deve ler lido, relido e debatido. Felipe Luiz Gomes e Silva

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