Regência
nominal
A
regência nominal estuda os casos em que um nome (substantivo, adjetivo ou
advérbio) exige um outro termo que lhe complete o sentido. Normalmente, o complemento de um nome vem
iniciando por uma preposição.
O
fato de um nome ou um verbo exigir determinada preposição ou não exigir
prende-se ao uso que os falantes do idioma vão fazendo da língua. Assim, com o passar do tempo, determinadas
formas vão sendo incorporadas pela língua culta, isto é, pela língua
gramaticalmente correta enquanto outras formas consideradas incorretas vão
sendo rejeitadas, embora continuem, em sua maioria, a ser aceitas pela língua
popular usadas por ela.
No
que se refere à regência nominal, quase não há diferença de usos, se
compararmos a língua popular. Por esse
motivo - e também pelo fato de ser um
assunto pouco exigido nos exames vestibulares - vamos oferecer a você apenas
uma pequena lista onde estão relacionados alguns nomes e as preposições que ele
exigem.
alheio A , DE
hostil
A, PARA
apto A, PARA imune
A
contente COM,
DE , POR impossível DE
cruel COM,
PARA inútil A,
PARA
dedicado A
junto A, DE
fácil DE,
PARA propenso A, PARA
Regência Verbal
A regência estuda a relação
existente entre os termos de uma oração ou entre as orações de um período.
A regência verbal estuda a relação de dependência que se estabelece
entre os verbos e seus complementos. Na
realidade o que estudamos na regência verbal é se o verbo é transitivo direto,
transitivo indireto, transitivo direto e indireto ou intransitivo e qual a
preposição relacionada com ele.
Vamos, então, aos verbos.
Verbos Transitivos Diretos
São verbos que indicam que o
sujeito pratica a ação, sofrida por outro elemento, denominado objeto direto.
Por essa razão, uma das maneiras mais fáceis de se analisar se um verbo é
transitivo direto é passar a oração para
a voz passiva, pois somente verbo transitivo direto admite tal transformação,
além de obedecer, pagar e perdoar, que, mesmo não sendo VTD, admitem a passiva.
O objeto direto pode ser
representado por um substantivo ou palavra substantivada, uma oração (oração
subordinada substantiva objetiva direta) ou por um pronome oblíquo.
Os pronomes oblíquos átonos
que funcionam como objeto direto são os seguintes: me, te, se, o, a, nos, vos,
os, as.
Os pronomes oblíquos tônicos
que funcionam como objeto direto são os seguintes: mim, ti, si, ele, ela, nós,
vós, eles, elas. Como são pronomes oblíquos tônicos, só são usados com
preposição, por isso se classificam como objeto direto preposicionado.
Vamos à lista, então, dos
mais importantes verbos transitivos diretos: Há verbos que surgirão em mais de
uma lista, pois têm mais de um significado e mais de uma regência.
Aspirar será VTD, quando
significar sorver, absorver.
Como é bom
aspirar a brisa da tarde.
Visar será VTD, quando
significar mirar ou dar visto.
O atirador
visou o alvo, mas errou o tiro.
O gerente
visou o cheque do cliente.
Agradar será VTD, quando
significar acariciar ou contentar.
O Gilson ficou agarrando a menina por horas.
Para agradar o
pai, ficou em casa naquele dia
.
Querer será VTD, quando
significar desejar, ter a intenção ou vontade de, tencionar..
Sempre quis
seu bem.
Quero que me
digam quem é o culpado.
Chamar será VTD, quando
significar convocar.
Chamei todos
os sócios, para participarem da reunião.
Implicar será VTD, quando
significar fazer supor, dar a entender; produzir como conseqüência, acarretar.
Os precedentes
daquele juiz implicam grande honestidade.
Suas palavras
implicam denúncia contra o deputado.
Desfrutar e Usufruir são VTD
sempre.
Desfrutei os
bens deixados por meu pai.
Pagam o preço do progresso aqueles que menos o desfrutam.
(e não desfrutam dele, como foi escrito no tema da redação da UEL em julho de
1996)
Namorar é sempre VTD. Só se
usa a preposição com, para iniciar Adjunto Adverbial de Companhia. Esse verbo
possui os significados de inspirar amor a, galantear, cortejar, apaixonar,
seduzir, atrair, olhar com insistência e cobiça, cobiçar.
Joanilda namorava o filho do delegado.
O mendigo
namorava a torta que estava sobre a mesa.
Eu estava
namorando este cargo há anos.
Compartilhar é sempre VTD.
Berenice compartilhou o meu sofrimento.
Esquecer e Lembrar serão
VTD, quando não forem pronominais, ou seja, caso não sejam usados com pronome,
não serão usados também com preposição.
Esqueci que
havíamos combinado sair.
Ela não
lembrou o meu nome.
Verbos Transitivos Indiretos
São verbos que se ligam ao
complemento por meio de uma preposição. O complemento é denominado objeto
indireto.
O objeto indireto pode ser
representado por um substantivo, ou palavra substantivada, uma oração (oração
subordinada substantiva objetiva indireta) ou por um pronome oblíquo.
Os pronomes oblíquos átonos
que funcionam como objeto indireto são os seguintes: me, te, se, lhe, nos, vos,
lhes.
Os pronomes oblíquos tônicos
que funcionam como objeto indireto são os seguintes: mim, ti, si, ele, ela,
nós, vós, eles, elas.
Vamos à lista, então, dos
mais importantes verbos transitivos indiretos: Há verbos que surgirão em mais
de uma lista, pois têm mais de um significado e mais de uma regência.
Verbos Transitivos Indiretos, com a prep. a:
Aspirar será VTI, com a
prep. a, quando significar almejar, objetivar..
Aspiramos a uma vaga naquela universidade.
Visar será VTI, com a prep.
a, quando significar almejar, objetivar.
Sempre visei a uma vida melhor.
Agradar será VTI, com a
prep. a, quando significar ser agradável; satisfazer.
Para agradar ao pai, estudou com afinco o ano todo.
Querer será VTI, com a prep.
a, quando significar estimar.
Quero aos meus amigos, como aos meus irmãos.
Assistir será VTI, com a
prep. a, quando significar ver ou ter direito.
Gosto de assistir aos jogos do Santos.
Assiste ao trabalhador o descanso semanal remunerado.
Custar será VTI, com a prep.
a, quando significar ser difícil. Nesse caso o verbo custar terá como
sujeito aquilo que é difícil, nunca a pessoa, que
será objeto indireto.
Custou-me acreditar em Hipocárpio. e não Eu custei a
acreditar...
Proceder será VTI, com a
prep. a, quando significar dar início.
Os fiscais procederam à prova com atraso.
Obedecer e desobedecer são
sempre VTI, com a prep. a.
Obedeço a todas as regras da empresa.
Revidar é sempre VTI, com a
prep. a.
Ele revidou ao ataque instintivamente.
Responder será VTI, com a
prep. a, quando possuir apenas um complemento.
Respondi ao
bilhete imediatamente.
Respondeu ao
professor com desdém.
Caso tenha dois
complementos, será VTDI, com a prep. a.
Alguns verbos transitivos indiretos, com a prep. a, não admitem a
utilização do complemento lhe. No lugar, deveremos colocar a ele, a ela, a
eles, a elas. Dentre eles, destacam-se os seguintes:
Aspirar, visar, assistir(ver), aludir, referir-se,
anuir.
Quando houver, na oração, um
verbo transitivo indireto, com a prep. a, seguido de um substantivo feminino,
que exija o artigo a, ocorrerá o fenômeno denominado crase, que deve ser
caracterizado pelo acento grave (à ou às).
Assisti à peça das meninas do terceiro colegial.
Verbos Transitivos Indiretos,
com a prep. com:
Simpatizar e Antipatizar
sempre são VTI, com a prep. com. Não são verbos pronominais, portanto não
existe o verbo simpatizar-se, nem antipatizar-se.
Sempre simpatizei com Eleodora, mas antipatizo com o
irmão dela.
Implicar = será VTI, com a
prep. com, quando significar antipatizar.
Não sei por que o professor implica comigo.
Verbos Transitivos
Indiretos, com a prep. de:
Esquecer-se e lembrar-se
serão VTI, com a prep. de, quando forem pronominais, ou seja, somente quando
forem usados com pronome, poderão ser usados com a prep. de.
Esqueci-me de
que havíamos combinado sair.
Ela não se
lembrou do meu nome.
Proceder será VTI, com a prep. de, quando significar
derivar-se, originar-se.
Esse mau-humor de Pedro procede da educação que recebeu.
Verbos Transitivos
Indiretos, com a prep. em:
Consistir é sempre VTI, com
a prep. em. Esse verbo significa cifrar-se, resumir-se ou estar firmado, ter
por base, ser constituído por.
O plano consiste em criar uma secretaria especial.
Sobressair é sempre VTI, com
a prep. em. Não é verbo pronominal, portanto não existe o verbo sobressair-se.
Quando estava no colegial,
sobressaía em todas as matérias.
Verbos Transitivos
Indiretos, com a prep. por:
Torcer é VTI, com a prep.
por. Pode ser também verbo intransitivo. Somente neste caso, usa-se com a prep.
para, que dará início a Oração Subordinada Adverbial de Finalidade. Para ficar
mais fácil, memorize assim: Torcer por + substantivo ou pronome. Torcer para +
oração (com verbo).
Estamos
torcendo por você.
Estamos
torcendo para você conseguir seu intento.
Chamar será VTI, com a prep.
por, quando significar invocar.
Chamei por você insistentemente, mas não me ouviu.
Verbos Transitivos Diretos e Indiretos
São os verbos que possuem os
dois complementos - objeto direto e objeto indireto.
Chamar será VTDI, com a
prep. a, quando significar repreender.
Chamei o
menino à atenção, pois estava conversando durante a aula.
Chamei-o à
atenção.
Obs.: A expressão Chamar a
atenção de alguém não significa repreender, e sim fazer se notado. Por exemplo:
O cartaz chamava a atenção de todos que por ali passavam.
Implicar será VTDI, com a prep.
em, quando significar envolver alguém.
Implicaram o advogado em negócios ilícitos.
Custar será VTDI, com a
prep. a, quando significar causar trabalho, transtorno.
Sua irresponsabilidade custou sofrimento a toda a
família.
Agradecer, Pagar e Perdoar
são VTDI, com a prep. a. O objeto direto sempre será a coisa, e o objeto
indireto, a pessoa.
Agradeci a ela
o convite.
Paguei a conta
ao Banco.
Perdôo os
erros ao amigo.
Pedir é VTDI, com a prep. a.
Sempre deve ser construído com a expressão Quem pede, pede algo a alguém.
Portanto é errado dizer Pedir para que alguém faça algo.
Pedimos a todos que tragam os livros.
Preferir é sempre VTDI, com
a prep. a. Com esse verbo, não se deve usar mais, muito mais, mil vezes, nem
que ou do que.
Prefiro estar só a ficar mal-acompanhado.
Avisar, advertir,
certificar, cientificar, comunicar, informar, lembrar, noticiar, notificar,
prevenir são VTDI, admitindo duas construções: Quem informa, informa algo a
alguém ou Quem informa, informa alguém de algo.
Advertimos aos usuários que não nos responsabilizamos por
furtos ou roubos.
Advertimos os usuários de que não nos
responsabilizamos por furtos ou roubos.
Quando houver, na oração, um
verbo transitivo direto e indireto, com a prep. a, seguido de um substantivo feminino, que exija o artigo a,
ocorrerá o fenômeno denominado crase, que deve ser caracterizado pelo acento
grave (à ou às).
Advertimos às alunas que não poderiam usar a sala fora do
horário de aula.
Verbos Intransitivos
São os verbos que não
necessitam de complementação. Sozinhos, indicam a ação ou o fato.
Assistir será intransitivo,
quando significar morar.
Assisto em Londrina desde que nasci.
Custar será intransitivo,
quando significar ter preço.
Estes sapatos custaram R$50,00.
Proceder será intransitivo,
quando significar ter fundamento.
Suas palavras
não procedem!
Morar, residir e situar-se
sempre são intransitivos.
Moro em Londrina; resido no Jardim Petrópolis; minha casa
situa-se na rua Denise de Souza.
Deitar-se e levantar-se são
sempre intransitivos.
Deito-me às 22h e levanto-me às 6h.
Ir, vir, voltar, chegar,
cair, comparecer e dirigir-se são intransitivos. Aparentemente eles têm
complemento, pois Quem vai, vai a algum lugar. Porém a indicação de lugar é
circunstância, e não complementação. Classificamos como Adjunto Adverbial de
Lugar. Alguns gramáticos classificam como Complemento Circunstancial de Lugar.
Esses verbos exigem a prep.
a, na indicação de destino, e de, na indicação de procedência.
Só se usa a prep. em, na
indicação de meio, instrumento.
Cheguei de
Curitiba há meia hora.
Vou a São
Paulo no avião das 8h.
Quando houver, na oração, um verbo intransitivo, com
a prep. a, seguido de um substantivo feminino, que exija o artigo a, ocorrerá o
fenômeno denominado crase, que deve ser caracterizado pelo acento grave (à ou
às).
Vou à Bahia.
Verbos de regência oscilante
VTD ou VTI, com a prep. a:
Assistir pode ser VTD ou
VTI, com a prep. a, quando significar ajudar, prestar assistência.
Minha família sempre assistiu o Lar dos Velhinhos.
Minha família sempre assistiu ao Lar dos Velhinhos.
Chamar pode ser VTD ou VTI,
com a prep. a, quando significar dar qualidade. A qualidade pode vir precedida
da prep. de, ou não.
Chamaram-no
irresponsável.
Chamaram-no de
irresponsável.
Chamaram-lhe
irresponsável.
Chamaram-lhe de irresponsável.
Atender pode ser VTD ou VTI,
com a prep. a.
Atenderam o meu pedido prontamente.
Atenderam ao
meu pedido prontamente.
Anteceder pode ser VTD ou
VTI, com a prep. a.
A velhice
antecede a morte.
A velhice
antecede à morte.
Presidir pode ser VTD ou
VTI, com a prep. a.
Presidir o
país.
Presidir ao
país.
Renunciar pode ser VTD ou VTI, com a prep. a.
Nunca renuncie
seus sonhos.
Nunca renuncie
a seus sonhos.
Satisfazer pode ser VTD ou
VTI, com a prep. a.
Não satisfaça todos os seus desejos.
Não satisfaça a todos os seus desejos.
VTD ou VTI, com a prep. de:
Precisar e necessitar podem
ser VTD ou VTI, com a prep. de.
Precisamos
pessoas honestas.
Precisamos de
pessoas honestas.
Abdicar pode ser VTD ou VTI, com a prep. de, e
também VI.
O Imperador
abdicou o trono.
O Imperador
abdicou do trono.
O Imperador
abdicou.
Gozar pode ser VTD ou VTI,
com a prep. de.
Ele não goza
sua melhor forma física.
Ele não goza de sua melhor forma física.
VTD
ou VTI, com a prep. em:
Acreditar
e crer podem ser VTD ou VTI, com a prep. em.
Nunca cri pessoas que falam muito de si próprias.
Nunca cri em pessoas que falam muito de si próprias.
Atentar
pode ser VTD ou VTI, com a prep. em, ou com as prep. para e por.
Em suas redações atente a ortografia.
Deram-se bem os que atentaram nisso.
Não atentes para os elementos supérfluos.
Atente por si, enquanto é tempo.
Cogitar
pode ser VTD ou VTI, com a prep. em, ou com a prep. de.
Começou a cogitar uma viagem pelo litoral brasileiro.
Hei de cogitar no caso.
O diretor cogitou de demitir-se.
Consentir
pode se VTD ou VTI, com a prep. em.
Como o pai desse garoto consente tantos agravos?
Consentimos em que saíssem mais cedo.
VTD
ou VTI, com a prep. por:
Ansiar
pode ser VTD ou VTI, com a prep. por.
Ansiamos dias melhores.
Ansiamos por dias melhores.
Almejar
pode ser VTD ou VTI, com a prep. por, ou VTDI, com a prep. a.
Almejamos dias melhores.
Almejamos por dias melhores.
Almejamos dias melhores ao nosso país.
VI
ou VTI, com a prep. a:
Faltar,
Bastar e Restar podem ser VI ou VTI, com a prep. a.
Muitos alunos faltaram hoje.
Três homens faltaram ao trabalho hoje.
Resta aos vestibulandos estudar bastante.
Na
última frase apresentada não há erro algum, como à primeira vista possa
parecer. A tendência é de o aluno
concordar o verbo estudar com a palavra vestibulando, construindo a oração
assim: Resta os vestibulandos estudarem. Porém essa construção está totalmente
errada, pois o verbo é transitivo indireto, portanto resta a alguém. Então
vestibulandos funciona como objeto indireto e não como sujeito. Nenhum verbo
concorda com o objeto indireto.
Quando
houver, na oração, um verbo transitivo indireto, com a prep. a, seguido de um
substantivo feminino, que exija o artigo a, ocorrerá o fenômeno denominado
crase, que deve ser caracterizado pelo acento grave (à ou às).
Assisti à peça das meninas do terceiro colegial.
VI
ou VTD
Pisar
pode ser VI ou VTD. Quando for VI, admitirá a prep. em, iniciando Adjunto
Adverbial de Lugar.
Pisei a grama para poder entrar em casa.
Não pise no tapete, menino!
Só lembrando a vocês: qualquer duvida que vocês tiverem,sugestão ou critica poste um comentario!!
Abraços galera!! :)
Abraços galera!! :)
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