"Patton: Rebelde ou Herói?" é um dos melhores filmes de guerra do século 20. Na tela foram omitidos alguns episódios da vida particular e da participação do general Patton na Segunda Guerra Mundial, porém o objetivo de mostrar a personalidade turbulenta do general foi atingido.
No filme, todos os discursos são verdadeiros. As falas são baseadas em três frentes: nos depoimentos de oficiais que com ele conviveu, no livro "A História de Um Soldado" do general Omar Bradley, que é uma das personagens centrais do filme e foi consultor histórico da produção, e no livro "Patton: Experiência Difícil e Triunfo", de Ladislas Farago.
Patton - vida real na tela
O general Patton (1885 - 1945), estrategista militar e herói da Segunda Guerra, um dos mais ricos oficiais do exército norte-americano, era um guerreiro que se considerava fora de época. Religioso, acreditava na reencarnação e jurava ter participado das mais conhecidas batalhas e campanhas da história ocidental. A cena nas ruínas de Cartago mostra a sua crença e o prazer mórbido que sentia pela luta.
A fama de Patton como disciplinador estava no auge quando esbofeteou um soldado traumatizado pela guerra. O incidente provocou o seu afastamento do comando e uma ausência prolongada da frente de batalha. Mesmo assim, o general Eisenhower, comandante geral dos Aliados, reconhecendo seu valor como militar, o reconduziu ao comando.
Embora odiasse os nazistas, Patton admirava a disciplina e a organização dos alemães, discordando da desnazificação ao final da guerra. Além disso, menosprezou o papel dos soviéticos no conflito. Anticomunista ferrenho, desacatou pessoalmente um general soviético numa comemoração da vitória aliada. Essa é uma das cenas mais surpreendentes do filme.
O que o filme omitiu
O filme não mostra a ligação entre Patton e sua sobrinha Jean Gordon. Quando o general estava solitário na Inglaterra, Jean era voluntária da Cruz Vermelha e para lá foi enviada, deixando a mulher do general enfurecida.
Outro fato que não está no filme é a ocasião, em 1945, em que Patton ordenou uma operação em território inimigo para resgatar seu genro; a incursão fracassou e muitos soldados morreram.
Não aparece a morte de Patton, ocorrida nas proximidades de Mannheim, no Sudoeste da Alemanha, em 21 de dezembro de 1945, num acidente automobilístico que nunca foi bem explicado. O anti-semitismo de Patton também não foi evidenciado.
Ator e personagem
George C. Scott, ator que viveu o papel do general Patton, assistiu horas de documentários e jornais de tela da época da guerra para interpretar o personagem em toda a sua extensão. Um neto de Patton declarou que o filme "me fez pensar, pela primeira vez na vida, que meu avô foi alguém que existiu de verdade". Scott recebeu o Oscar pela sua interpretação, mas não foi recebê-lo, pois considerava que os prêmios da Academia eram "concurso de carnes".
Batalhas autênticas
Ao contrário dos ciberépicos atuais, que multiplicam figurantes, aviões e navios por computação, as filmagens das batalhas de El Guettar e das Ardenas, e o trajeto de Patton na Sicília, foram feitas na Espanha de uma forma mais real.
Em 1969, quando foi rodado o filme, o exército espanhol ainda possuía armamentos da Segunda Guerra Mundial, inclusive os tanques alemães "Panzer". As batalhas foram coreografadas com aprovação de veteranos que nela estiveram presentes.
Influência na Guerra do Vietnã
Segundo Oliver Stone declara no making off que consta no DVD, o presidente Richard Nixon ordenou a invasão do Camboja, um dos últimos suspiros norte-americanos no Vietnã, após ter assistido "Patton" numa sessão privativa. Afirma-se que o general Norman Schwartzkopf, ao se preparar para comandar a guerra do Golfo, foi influenciado pela personificação que Scott fez de Patton.
Painel da Segunda Guerra Mundial
A Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945) envolveu os Aliados (Inglaterra, Estados Unidos, União Soviética e França) e o Eixo (Alemanha, Itália e Japão).
A guerra se insere nos limites do Imperialismo da primeira metade do século 20, em que as grandes potências dividiam o mundo em esferas de controle. O domínio se dava por via direta (colonialismo) e indireta (supremacia econômica e influência política).
A França e a Inglaterra controlavam a maioria das colônias na Ásia e na África; os Estados Unidos substituíram a influência inglesa na América Latina a partir do final da Primeira Guerra Mundial (1918) e passaram a dominar economicamente o continente. Os países do Eixo consideravam a divisão injusta e desejavam um espaço para a expansão dos seus negócios, pois em termos tecnológicos nada deviam aos adversários.
A grande surpresa da guerra foi a ascensão da União Soviética como potência. Criada após a Revolução Russa (1917), a URSS incorporou os povos não russos do antigo império sob a promessa de uma participação política igualitária. A URSS fechou-se ao Ocidente nas décadas de 20 e 30, e construiu o sistema socialista a partir de um planejamento econômico centralizado, desenvolvido através dos Planos Quinquenais do ditador Stálin.
Durante a guerra, para atingir a URSS, a Alemanha nazista controlou Polônia, Tchecoslováquia, Hungria Romênia e Bulgária. No refluxo da guerra, para derrotar os nazistas, os soviéticos invadiram esses países e os transformaram em repúblicas socialistas satélites.
O Eixo foi derrotado; a Inglaterra e França ficaram economicamente esgotadas, consolidando os Estados Unidos como líder absoluto do sistema capitalista. Os americanos financiaram a reconstrução das áreas destruídas pela guerra na Europa ocidental através do Plano Marshall.
*João Bonturi é professor de história do colégio Singular e do cursinho Singular-Anglo.
Fonte:UOL
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