No dia 7 de agosto, o Estado de São Paulo dará um importante passo em defesa da saúde pública. Com a entrada em vigor da nova legislação antifumo, fica proibido fumar em ambientes fechados de uso coletivo como bares, restaurantes, casas noturnas e outros estabelecimentos comerciais. Mesmo os fumódromos em ambientes de trabalho e as áreas reservadas para fumantes em restaurantes ficam proibidas. A nova legislação estabelece ambientes 100% livres do tabaco.
A medida acompanha uma tendência internacional de restrição ao fumo, já adotada em cidades como Nova York, Londres, Paris e Buenos Aires. Inúmeros estudos realizados comprovaram os males do cigarro não apenas para quem fuma, mas também para aqueles que se vêem expostos à fumaça do cigarro. É principalmente a saúde do fumante passivo que a nova lei busca proteger. Segundo dados da OMS (Organização Mundial de Saúde), o fumo passivo é a terceira maior causa de mortes evitáveis no mundo.
A nova lei restringe, mas não proíbe o ato de fumar. O cigarro continua autorizado dentro das residências, das vias públicas e em áreas ao ar livre. Estádios de futebol também estão liberados, assim como quartos de hotéis e pousadas, desde que estejam ocupados por hóspedes. A responsabilidade por garantir que os ambientes estejam livres de tabaco será dos proprietários dos estabelecimentos. Os fumantes não serão alvo da fiscalização.
Para evitar punições, os responsáveis pelos estabelecimentos devem adotar algumas medidas. Entre elas, a fixação de cartazes alertando sobre a proibição, e a retirada dos cinzeiros das mesas de bares e restaurantes como forma de desestimular que cigarros sejam acesos. Devem, também, orientar seus clientes sobre a nova lei e pedir para que não fumem. Caso alguém se recuse a apagar o cigarro, a presença da polícia poderá ser solicitada.
Em caso de desrespeito à lei, o estabelecimento receberá multa, que será dobrada em caso de reincidência. Se o estabelecimento for flagrado uma terceira vez, será interditado por 48 horas. E, em caso de nova reincidência, a interdição será de 30 dias.
Ao proibir que se fume em ambientes fechados de uso coletivo, a lei antifumo estabelece uma mudança de comportamento com reflexos diretos na saúde pública. Mudança que será estimulada por campanhas educativas e fiscalizada pelo poder público. E que terá na colaboração da população uma de suas principais armas.
Estudo da Saúde comprova que ar da balada melhorou após lei antifumo
Pesquisa mostra que níveis de monóxido de carbono no pulmão dos não-fumantes mantêm-se baixo durante toda a noite
Poucas semanas antes de a lei antifumo entrar em vigor, uma pesquisa realizada pela Secretaria de Estado da Saúde com 50 garçons e clientes em casas noturnas de São Paulo revelou que bastava uma noite em um ambiente fechado para que um não-fumante atingisse níveis de monóxido de carbono no pulmão equivalentes aos de fumantes; por vezes, o índice chegava a atingir níveis de fumantes pesados. Uma semana depois da chegada da lei, os pesquisadores voltaram aos locais, testaram 30 não-fumantes, e constataram uma mudança radical. Para melhor.
Desta vez, os resultados foram de índices baixos de monóxido de carbono no pulmão dos não-fumantes do início ao fim da noite. Em alguns casos, os níveis chegaram inclusive a baixar. Foi o caso de um garçom que mora com três fumantes. Chegou ao trabalho, uma casa noturna, com 10 ppm na monoxímetria. Passadas duas horas, seu índice havia baixado para 4 ppm.
A comparação mostra um enorme ganho para a saúde pública. Na primeira pesquisa, os resultados revelaram que em todos os casos houve aumento na medição de monóxido de carbono. Em 65% dos casos, após algumas horas de exposição à fumaça do cigarro, os não-fumantes já tinham níveis similares ao de fumantes.
No levantamento mais recente, dos 30 testes realizados, 23 mostraram oscilação mínima na monoxímetria, entre 2 dois pontos para mais ou para menos. Quatro casos tiveram uma oscilação superior a 3 ppm para cima _o que pode ser explicado pelo entra-e-sai dos garçons na cozinha. E outros três casos mostraram queda superior a 5 ppm.
A exposição eventual, mas aguda, à poluição tabagística ambiental (PTA), como ocorria no caso dos clientes antes da lei, ocasiona danos ao organismo tais como irritação nasal, ocular, dores de cabeça e secura na garganta. Já a exposição crônica à fumaça do cigarro, como ocorria no caso dos garçons, pode levar a danos como sinusite, otite e aumenta as chances de eventos como infarto, derrame, enfisema e câncer.
"Nossa pesquisa começa a comprovar na prática os resultados que esperávamos na teoria. O fumo passivo deixou de ser uma realidade nas casas noturnas e bares de São Paulo. As vantagens para a saúde são imediatas. O desconforto com irritações nasais e dores de cabeça, por exemplo, já ficou para trás. E agora começam a cair também as chances de eventos mais graves, como infartos e câncer", afirma a dra. Luizemir Lago, diretora do Cratod (Centro de Referência de Álcool Tabaco e Outras Drogas).
Fumar pode agravar desnutrição em países em desenvolvimento, segundo estudo
Da Efe
As consequências do tabaco podem ir além dos riscos imediatos para a saúde e influenciar na nutrição familiar nos países em desenvolvimento, quando os fumantes destinam aos cigarros parte do dinheiro que seria utilizada para comprar alimentos. Assim afirma um estudo da Universidade de Tufts, nos Estados Unidos, segundo o qual há fumantes nas zonas rurais da Indonésia que comprometem o orçamento familiar que seria destinado aos alimentos, "o que, com o tempo, resulta em uma piora na nutrição de seus filhos". Os autores do artigo, Steven Block e Patrick Webb, publicarão suas conclusões na edição de outubro da revista "Economic, Development and Cultural Change". Baseado em dados de 33 mil núcleos familiares pobres de Java, o estudo aponta que uma família normal, com pelo menos um fumante, gasta 10% de seu orçamento em tabaco. Do total, 68% do orçamento de uma família fumante é destinado aos alimentos, enquanto que em outra, onde nenhuma parte do dinheiro vai para a compra de cigarros, essa proporção chega a 75%. Em uma análise global das despesas de famílias com fumantes e sem, os dados indicam que 70% das despesas com tabaco são financiadas com uma redução no orçamento para comida, indicam os pesquisadores. Assim, "a diminuição das despesas em comida parece ter consequências nutricionais reais para os filhos dos fumantes", que tendem a ter níveis de nutrição mais baixos que o normal para sua idade. Nas famílias com fumantes, a nutrição é mais pobre, não só porque se compra menos comida, mas a comprada tende a ser de qualidade inferior, segundo o estudo. As famílias com fumantes compram mais arroz que carne, frutas e verduras, que são mais nutritivas, mas também mais caras. Na Indonésia, cerca de 60% dos homens fumam, uma taxa similar à de outros países asiáticos em desenvolvimento e que tende a aumentar.
A Lei Antifumo. Minhas impressões…
Antes de mais nada, não sou fumante. Mas confesso que já experimentei pra ver qual é a graça da coisa.
Sabe como é né, adolescência, baladas, amigos que fumavam… enfim, aquela ideia rota de que fumar era bonito e teria lá o seu charme. Ou seja, tive o juízo de uma ervilha.
Felizmente eu não manifestei propensão ao vício. Não levei a insanidade adiante. Foi a minha sorte em meio a burrice de acender o primeiro cigarro.
Hoje sou antitabagista confessa. Não odeio quem fuma. Muito pelo contrário. Tenho parentes e amigos queridos que fumam e obviamente o cigarro não mensura o caráter de ninguém e não diminui o respeito que merecem.
Só não gosto que fumem perto de mim. O cheiro impregna feito praga. Também fico estarrecida quando vejo uma grávida com cigarro na mão ou mesmo pais com criança no colo enquanto fumam vigorosamente. E acho broxante a visão de jovens lindos acendendo um cigarro. Sinto pena…
Tenho meio que uma aversão sobrenatural ao fumo. Talvez meu marido, que é cardiologista e antitabagista ferrenho, seja um dos maiores responsáveis por isso.
Já vi gente morrendo por causa dos pulmões fodidos. E uma morte agonizante em busca de ar não é nada lindo de se ver…
Charge by Rick Jaime
Ocorre que infelizmente a grande maioria dos tabagistas não fumam com consciência (hein?), ou seja, perdem o senso crítico fumando perto de quem não fuma, especialmente em lugar fechado e não estão nem aí se incomoda ou não. Tipo eu sou cool e você é careta, portanto os incomodados que se retirem. Não é assim?
Em outras palavras, como se fosse pouco um fumante cometer suicídio a crediário, existe também a questão do fumante passivo, ou seja, o cara que escolheu não fumar pode morrer pelo mal do cigarro fumado por quem tá do lado. Foda-se, né?
É aí que entra a questão da Lei Antifumo que vigora a partir de hoje em São Paulo, onde ficará expressamente proibido fumar em recintos fechados de uso público.
Isso gerou nos últimos dias uma infinidade de comentários via blogs e ânimos alterados viaTwitter sobre o assunto. Tem até não fumantes tomando as dores de fumantes alegando arbitrariedade que fere o direito à liberdade em seu sentido amplo e que haveriam coisas “realmente necessárias” com que se preocupar. Mas como assim?
No geral as opiniões estão divididas e levantam aquela briga: fulano quer manter o direito de fumar onde quiser e ciclano quer ter o direito ao ar puro.
E aí? Como se pode medir quem tem mais direito nesse caso?
Eu respondo perguntando se lhe parece justo sobrepor o direito de praticar o vício ao direito de querer ter uma vida saudável? O que vale mais, uma vida ou um cigarro fumado?
C’moooonnnnn…
Charge by Adão Iturrusgarai
Quem é fumante precisa entender que as restrições da lei não estão impostas à pessoa. Que ele continua sendo cidadão brasileiro com os mesmos direitos e obrigações que os demais. E que assim como os portadores de HIV estão conscientes de que não se deve expor um terceiro aos riscos de contraí-lo (sendo inclusive crime em alguns casos), um fumante deve ligar o desconfiômetro e concluir que alimentar o seu vício perto de alguém, estará lhe causando um mal igual ou maior que a si próprio.
Acho a lei lamentável sim. Mas é lamentável por ser necessária muito embora ela não produza efeito nos lares onde filhos, maridos ou esposas estão expostos continuamente praticamente submetidos à uma morte lenta e compulsória. Porém espera-se que o tabagista, ao se acostumar a não fumar em lugares públicos, passe a não fumar mais dentro de casa. A coisa tem que virar lei sim pra ficha cair, infelizmente…
Bom, e se os chiliques pela aplicação da lei ainda persistirem, vale lembrar que o fumante passivo é considerado hoje a 3ª maior causa de morte evitável no mundo segundo oINCA. Morte evitável se ninguém fumar por perto, claro.
Disque-denúncia antifumo recebe mil ligações por dia
EM APENAS 11 dias, o telefone para denúncias de desrespeito à lei antifumo recebeu 11.620 ligações. Isso significa que, a cada dia, o serviço registra 1.056 chamadas. Por hora, são 44 ligações.
A lei que proíbe fumar em todos os ambientes fechados de uso coletivo no Estado entrou em vigor no dia 7 de agosto. Entre os locais de proibição estão áreas internas de bares e restaurantes, casas noturnas, ambientes de trabalho, táxis e áreas comuns de condomínios. As denúncias podem ser feitas pelo telefone 0800 771 3541 ou pelo www.leiantifumo.sp.gov.br.
A lei não prevê punição ao fumante, apenas para os estabelecimentos.
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