As usinas nucleares são seguras?

No ocidente, usinas possuem um rigoroso sistema de segurança para evitar contaminação do meio ambiente

Instalações da Usina Nuclear Angra 2. Foto: Claudio Rossi
Instalações da Usina Nuclear Angra 2. 
Foto: Claudio Rossi. Clique para ampliar
Um acidente na Usina de Angra dos Reis na última semana fez os brasileiros relembrarem o eterno fantasma do vazamento em Chernobyl, que ocorreu na Ucrânia em 1986, e levantou a questão: será que esse tipo de usina é seguro? Os especialistas garantem que sim. "Verificando o histórico de operação de usinas ocidentais, é possível constatar que se passaram mais de 50 anos sem acidentes com vítimas fatais. Aqui no Brasil, a usina de Angra 1 já tem 15 anos de operações sem acidentes graves, número bem menor do que o registrado em outras atividades industriais", afirma Edson Kuramoto, diretor da Associação Brasileira de Energia Nuclear. A mesma opinião é compartilhada por Luís Antônio Albiac Terremoto, pesquisador do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), "as pessoas têm essa idéia de que a energia nuclear pode ser perigosa porque não têm idéia do grau de segurança das usinas. Para vazar ao meio ambiente, a radiação precisa passar por seis barreiras. O que aconteceu em Chernobyl é que não haviam várias dessas barreiras e houve uma operação negligente. Mesmo assim, até hoje morreram apenas 45 pessoas em decorrência do acidente", explica o físico.Além de ser segura, a energia nuclear ainda tem a vantagem de ser considerada limpa, ou seja, não provoca emissões de gases estufa. Fora isso, a área ocupada por uma usina nuclear é pequena se comparada à quantidade de energia gerada. A quantidade de resíduos gerados também é menor do que em outras atividades industrias. Ou seja, as usinas nucleares são a aposta para o futuro. "Atualmente, os brasileiros consomem apenas 1/3 da energia utilizada em Portugal, por exemplo. Se o Brasil se desenvolver, vai ter que no mínimo duplicar a geração de energia. E isso não é possível só com as usinas hidrelétricas e as usinas nucleares são uma alternativa melhor do que as termoelétricas, que utilizam combustíveis fósseis", afirma Edson Kuramoto. O especialista ainda conta que, segundo o planejamento da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia, até 2030 devem ser construídas entre quatro e oito novas usinas nucleares no Brasil.

Apesar de todas essas vantagens, quando se fala em energia nuclear, levanta-se duas questões: o que fazer com o lixo nuclear e como garantir que as reservas de urânio não serão esgotadas. O problema da geração de lixo parece já ter sido solucionado. "Todos os dejetos são medidos, colocados em armazenados em repositórios que ficam nas próprias usinas, de forma segura. Sem contar que a produção de dejetos nucleares é muito pequena se comparada à de outras atividades. Não há o menor risco de contaminação do meio ambiente. Para se ter uma referência, alguns gases produzidos por termoelétricas ou por carros permanecem na atmosfera por 800 anos. Já o plano para os resíduos nucleares é que eles precisem ser armazenados por 500 anos", explica Edson Kuramoto. O problema do esgotamento do minério de urânio também não é uma preocupação para os especialistas da área. No Brasil, apenas 30% das reservas de urânio já foram prospectadas e, mesmo assim, o país tem a 6a maior reserva do mundo. Em primeiro lugar estão Cazaquistão e Austrália, que nem possuem a tecnologia para produzir energia nuclear. "E mesmo que se dobre a capacidade dos reatores, ainda teríamos combustível para mais de 300 anos de geração de energia. Outra alternativa é reprocessar o urânio utilizado para gerar plutônio, que também pode ser usado nas usinas", afirma Luís Antônio Terremoto.
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