A linguagem sempre varia de acordo com a situação, assumindo funções que levam em consideração o que se quer transmitir e que efeitos se espera obter com o que se transmite.
O texto 1 prioriza uma mensagem específica, isto é, reflexão a respeito da força do tempo que passa, deixando tudo para trás (a roda viva ). Essa mensagem é construída por meio de muitas imagens, numa seleção e combinação de palavras bastante particular, com clara intenção estética. Ou seja, o autor baseia-se na conotação . A análise e interpretação das imagens envolve a multiplicidade dos significados que a conotação permite.
Já o texto 2 quer informar, polemizando. Escrito em linguagem denotativa , evita os duplos sentidos. O autor quer passar idéias a respeito de um assunto que faz parte de sua profissão (ele é assessor de comunicação de markenting político) e as apresenta de maneira direta e objetiva, pois o que mais importa aí é a defesa de um ponto de vista, de uma opinião.Trata-se de uma comunicação direta sobre um referente , um elemento de contexto .
O texto 3, a propaganda, em que se juntam imagem e texto, quer convencer os leitores a fazer seus anúncios em determinado meio de comunicação. Portanto, emprega a denotação porque precisa informar (há páginas seqüenciais coloridas, há mais tempo para reservar e entregar material) e conotação porque precisa persuadir(“é melhor do que o arco-íris”). O uso dos verbos no imperativo (“anuncie”, “experimente”) também pretende, de maneira impositiva, instigar o consumidor.
Assim, analisando qualquer texto, qualquer imagem, pode-se depreender que suas linguagens funcionam para atingir um objetivo. Não há comunicação neutra. Como já vimos em capítulos anteriores, há sempre um contexto, uma necessidade, uma situação pessoal determinando o que se diz, por intermédio de um discurso que pode ser informativo, autoritário, apelativo ou poético.
Nesta, propaganda, juntam-se dois códigos:
o das imagens e o das palavras, compondo
um sofisticado jogo de significados cuja
função é convencer um eventual
comprador para o produto anunciado: as
embalagens de plástico colorido.
Deste modo, pode-se falar em funções da linguagem. Analisar as funções da linguagem nos textos alheios ajuda-nos a descobrir os objetivos que direcionaram sua elaboração. Aplicá-las aos nossos ajuda-nos a planejar melhor sua comunicabilidade e eficiência.
As funções da linguagem organizam-se em torno de um emissor (quem fala), que envia uma mensagem ( referente ) a um receptor (quem recebe), usando um código , que flui através de um canal (suporte físico). A funções da linguagem são as seguintes:
Em 1665¸ Londres é assolada pela peste negra (peste bubônica) que dizimou grande parte de sua população, provocando a quase total paralisação da cidade e acarretando o fechamento de repartições públicas, colégios etc. Como conseqüências desta catástrofe, Newton retornou a sua cidade natal, refugiando-se na tranqüila fazenda de sua família, onde permaneceu durante dezoito meses, até que os males da peste fossem afastados, permitindo seu regresso a Cambridge.
Este período passado no ambiente sereno e calmo do campo foi, segundo as palavras do próprio Newton, o mais importante de sua vida. Entregando-se totalmente ao estudo e à meditação, quando tinha apenas 23 a 24 anos de idade, ele conseguiu, nesta época, realizar muitas descobertas, desenvolvendo as bases de praticamente toda a sua obra.
(Antônio Máximo e Beatriz Alvarenga. In. Curso de Física. São Paulo: Harbra, 1992. v. 1, p. 196.)
Estou tendo agora uma vertigem. Tenho um pouco de medo. A que me levará minha liberdade? O que é isto que estou te escrevendo? Isto me deixa solitária.
(Clarrice Lispector)
O arauto proclamou:
Meu estimado povo.Que as bênçãos de Deus, senhor todo-onipotente, desçam sobre vocês. Visando combater os gastos desnecessários e luxo. Visando dar igualdade geral ao país, com objetivo de eliminar invejas, rancores, entre irmãos, o Governo, em acordo com as fábricas de calçados, determinou que a partir deste momento será fabricado para toda a nação um só tipo de sapato, masculino e feminino. Fechado, liso e encontrável apenas na discreta e tão bonita cor preta.
( Ignácio de Loylola Brandão, Zero. )
— Como vai, Maria?
— Vou bem. E você?
— Você vai bem, Maria?
— Já disse que sim!
— Eu também. Está tão bonita!”
— Ah, bem, é que eu...
— Ah, é.
(Dalton Trevisan)
Não sinto o espaço que encerro
Nem as linhas que projeto
Se me olho a um espelho, erro —
Não me acho no que projeto
(Mário de Sá-Carneiro)
Numa mesma mensagem [...] várias funções podem ocorrer, uma vez que, atualizando corretamente possibilidades de uso do código, entrecruzam-se diferentes níveis de linguagem, A emissão, que organiza os sinais físicos em forma de mensagem, colocará ênfase em um a das funções — e as demais dialogarão em subsídio, [...] | Na comunicação diária, por exemplo, além da referencialidade da linguagem — o que torna a mensagem oral imeditamente compreendida — , há pinceladas de função, conativa, ou seja , de diálogo com alguém, ou através de uma ordem, ou através de um narrar, m as, ao mesmo tempo, esse diálogo vem caracterizado por traços emotivos. | |
( Samira Chalhub. Funções da linguagem . São Paulo: Ática, 1990. p. 8.) |
As funções da linguagem não existem isoladas em cada texto. Embora uma delas acabe predominando, elas convivem, mesclam-se, entrecruzam-se o tempo todo, obtendo-se de suas combinações os mais diferentes efeitos. No último exemplo, temos a combinação das funções poética e emotiva. Na propaganda de página 64, combinam-se a função referencial (nas informações sobre o produto), a fática (texto, disposição na página, ilustrações, etc) e conativa (nos elementos de persuasão: “não dá pra não anunciar”).
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