Por que tantas empresas aéreas vão à falência no Brasil?
Em 2006, a Gol transportou 17 milhões de passageiros com uma tarifa média de R$ 205. Com 74% dos assentos ocupados e aeronaves no ar por 14 horas diárias, a empresa conseguiu embolsar R$ 569 milhões – um lucro de R$ 8,7 milhões por aeronave.
Basicamente, porque voar é um troço caro pra caramba – seja por aqui, seja em qualquer outro lugar do mundo. Tudo é caro, do combustível às taxas para pousar e decolar, dos gastos com pessoal superespecializado (pilotos e técnicos de manutenção) à própria compra ou leasing das aeronaves. Um exemplo concreto ajuda a entender o preço da aviação. Para manter seus 65 aviões no ar, a Gol gastou, em 2006, R$ 3,1 bilhões. Isso dá nada menos que R$ 47 milhões por aeronave! Claro que, se tiver bastante gente disposta a voar pela companhia, o custo compensa. Em 2006, a Gol transportou 17 milhões de passageiros com uma tarifa média de R$ 205. Com 74% dos assentos ocupados e aeronaves no ar por 14 horas diárias, a empresa conseguiu embolsar R$ 569 milhões – um lucro de R$ 8,7 milhões por aeronave. O problema é quando um dos enormes números da delicada equação que sustenta o faturamento diminui. Ou quando acontece algum problema de gestão. “Na história da nossa aviação, sobram exemplos de incompetência relacionada a essa área”, afirma o administrador de empresas Marcos Cobra, professor da FGV-SP e ex-coordenador de treinamento na TAM. Como os custos não caem, um pequeno desequilíbrio vira um buraco sem fundo: a empresa deixa de pagar taxas aeroportuárias (Varig), não consegue comprar combustível (Transbrasil), tira turbina de um avião para pôr em outro (a “canibalização” da frota, que rolou com a Vasp), fica sem dinheiro para peças de reposição (BRA), e por aí vai. No Brasil, em 80 anos de aviação comercial, dezenas de companhias deixaram os céus em meio a fusões, compras, suspensão dos vôos à beira da falência e administrações confusas (veja mais detalhes sobre essa história no infográfico). Mas esse caos aéreo não é privilégio nosso. Empresas internacionais tradicionais, como as gigantescas Pan Am e Swissair, faliram ruidosamente. E antigas estatais como a Alitalia, British Airways e Aeromexico só não quebraram porque receberam socorro do governo.
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