O alemão Os Falsários, que ganhou o Oscar 2008 de melhor filme estrangeiro, demorou, mas chegou nesta sexta-feira (29) aos cinemas brasileiros – e aumenta a lista de obras que abordam a Segunda Guerra Mundial e o Holocausto. O enredo do filme de Stefan Ruzowitzky conta a história de um dos maiores falsificadores da Alemanha. Preso pela polícia por seus crimes, acaba em um campo de concentração. Para sobreviver ao Holocausto, passa a falsificar documentos, passaportes, dólares e libras, muitas libras, que ajudam a patrocinar os nazistas durante a guerra. Acaba sendo inevitável conviver com outros homens que, fazendo o mesmo que ele, sentiam-se traindo os familiares e amigos judeus. O episódio, real, ficou conhecido como Operação Bernhard e foi responsável pela maior falsificação de todos os tempos: 132 milhões de libras.
Outra opção sobre o assunto ainda nos cinemas é Um Ato de Liberdade, que tem um elenco de peso – Daniel Craig, Liev Schreiber (o Dentes-de-Sabre, em Wolverine) e Jamie Bell. O enredo aborda a saga de três irmãos da Bielorússia que tiveram pais e familiares mortos em uma execução em massa de 4.000 judeus. Para fugir dos nazistas, refugiam-se nas florestas fechadas e geladas que conheciam desde a infância. A bravura dos Bielski inspira milhares de judeus, que acabam criando uma comunidade subterrânea de resistência aos nazistas. A história, também baseada em fatos reais, ficou conhecida porque, ao fim da guerra, 1 200 judeus surgiram do interior das florestas.
O filme mais esperado deste ano sobre a temática foi criado por Quentin Tarantino, de Kill Bill e Pulp Fiction. Bastardos Inglórios mistura a popularidade de Brad Pitt com a excentricidade do diretor conhecido por cenas violentas, diálogos precisos e propensão a premiações. A trilha sonora de David Bowie ajuda a compor a atmosfera do filme em que Pitt é um tenente que lidera um grupo de soldados judeus americanos na França ocupada pelos nazistas. Eles tratam os inimigos com violência brutal – o protagonista pede 100 escalpos nazistas para cada um de seus comandados. Tem estreia programada para outubro e recebeu críticas negativas no Festival de Cannes.
Os Falsários (dir.: Stefan Ruzowitzky, 2008) O fim do filme foi criticado e classificado como bobo por alguns, mas a atuação de Karl Markovics no papel de Solomon impressionou e foi aclamada pela crítica e pelo público. Ele impressiona pela ambigüidade. Ao mesmo que procura sobreviver a qualquer custo, algo compreensível, ele usa para isso algumas táticas de dar arrepios. | |
Um ato de Liberdade (dir.: Quentin Tarantino, 2009) Em recente entrevista publicada por ÉPOCA, o astro do filme, Daniel Craig, falou sobre a polêmica que o filme criou e disse que isso é reflexo do fato de os personagens não serem unidimensionais. Na opinião de Craig, o ponto crucial da história é que os atos dos irmãos Bielski salvaram 1,2 mil pessoas do Holocausto, “e é isso que conta no final”. | |
Bastardos Inglórios (dir.: Quentin Tarantino, 2009) Durante o festival de Cannes, realizado na semana passada, o diretor Quentin Tarantino revelou que sua maior dificuldade para fazer o filme foi justamente o fato de o pano de fundo ser a Segunda Guerra Mundial. Tarantino disse que o rumo da História se tornou um muro contra o qual sua criatividade se chocava, um fenômeno novo, já que ele sempre trabalhou com total liberdade. O diretor disse, no entanto, que encontrou uma solução para o problema. "Eu estava preparado para respeitar o rigor histórico, mas depois pensei: 'meus personagens não sabem que estão na História.'" O resultado estará nas telonas em breve. | |
Operação Valquíria, (dir.: Bryan Singer, 2008) Lançado no começo do ano, e com Tom Cruise no papel principal, conta a história real de um coronel alemão que se opõe ao nazismo e planeja um atentado contra Adolf Hitler. Claus von Stauffenberg passa alguns anos tentando persuadir outros militares a participar da ação e, em 20 de julho de 1944, com o apoio de oficiais não pertencentes à SS (polícia nazista), planta uma bomba onde o führer fazia um discurso. Obviamente, Hitler não morreu, mas a conspiração continuou e ficou conhecida como Operação Valquíria. Foi visto por mais de um milhão de brasileiros. | |
O Leitor (dir.: Stephen Daldry, 2008) Kate Winslet ganhou o Oscar de atriz por seu papel neste filme, que começa logo após a Segunda Guerra. Ela vive Hanna, que se envolve com Michael, um jovem que tem a metade de sua idade. O romance ganha forças e é temperado por leituras de obras clássicas que ele faz a ela, a pedido da amada. Mas Hanna desaparece repentinamente. Anos depois, Michael a reencontra em um julgamento. Ele é estudante de Direito e ela, ré acusada de cometer crimes de guerra na Alemanha nazista. Essa e outras descobertas deixarão o rapaz transtornado para sempre. Sydney Pollack e Anthony Minghella, que produziram o filme, morreram logo depois que ele foi finalizado. | |
O Menino do Pijama Listrado (dir.: Mark Herman, 2008) Criança e Holocausto são temas que, juntos, têm alto potencial de comoção. O Menino do Pijama Listrado, que estreou no fim do ano passado, é sobre a amizade entre dois meninos de oito anos que vivem separados por uma cerca eletrificada. Bruno é filho de um oficial nazista e Shmuel, que usa o pijama do título, está preso em um campo de concentração. Ingênuo, Bruno acha que aquela gente que vive do outro lado da cerca é camponesa, mas não entende o motivo de tanta infelicidade, muito menos da roupa listrada que seu amigo veste. As conversas com Schmuel mostram a ele o que realmente acontece do lado de lá do arame farpado e põem fim à sua ilusão. | |
A Espiã (dir.: Paul Verhoeven, 2006) A cantora judia Rachel Steinn vê sua família ser assassinada pelos nazistas e resolve se transformar na espiã Elis de Vries. Para enganar a SS, a polícia nazista, chega a tingir os cabelos e os pelos pubianos para se passar por ariana. Seu plano é criar um movimento de resistência para libertar refugiados. A dupla identidade causa a Rachel sentimentos díspares, divididos entre a personagem que incorporou e seu triste passado. Retrata uma vida entre tantas que sobreviveram aos golpes profundos da guerra. | |
A Queda – As últimas horas de Hitler (dir.: Oliver Hirschbiegel, 2004) O filme não fala necessariamente do Holocausto, mas mostra o suicídio de quem o liderou. A Queda revela um pouco da personalidade de Adolf Hitler, que persegue seus objetivos cegamente, e alguns de seus seguidores. O foco principal são os últimos 10 dias do ditador, visivelmente alterado, em um bunker de Berlim. Assim como o führer, muitos nazistas cometeram suicídio quando souberam que haviam perdido a guerra, com a chegada dos soviéticos à capital alemã. O filme é narrado sob a ótica da secretária de Hitler que, como tantas outras pessoas, corroborou com o Holocausto sem querer ou saber. | |
O Pianista (dir.: Roman Polanski, 2002) O diretor Roman Polanski é um sobrevivente da Segunda Guerra Mundial. Judeu, fingiu ser católico no interior da Polônia para escapar dos nazistas. Mas não é sua a história que ele conta no filme. Polanski fala de Wladyslaw Szpilman, um pianista que foge de um gueto de Varsóvia, na Polônia, antes de ser levado para algum campo de concentração. Os guetos eram áreas criadas pelos nazistas para isolar a população judaica. No começo da fuga, o pianista consegue ajuda. Mas, com o prolongamento da guerra, arrasta-se por prédios abandonados, sem comida nem perspectivas. A atuação de Adrien Brody, o pianista, valeu um Oscar. O filme também ganhou o prêmio de melhor direção e roteiro adaptado. | |
Cinzas de Guerra (dir.: Tim Blake Nelson, 2001) Se caminhar em direção à câmara de gás é uma tortura, imagine levar seus próprios pares para a morte. É o que fazia um grupo de judeus nos campos de concentração, os Sonderkommandos. Além de conduzir seus companheiros, tinham que levar seus corpos para a fornalha. Cinzas de Guerra relata os conflitos que esses homens viviam – até se rebelarem, em Auschwitz. É a história real do único levante ocorrido no pior campo de extermínio da Segunda Guerra Mundial. | |
O Trem da Vida (dir.: Radu Mihaileanu; 1998) Um ano depois do sucesso de A Vida é Bela, os europeus lançam outro filme sobre o Holocausto, que também ganhou prêmios mundo a fora – inclusive na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. O Trem da Vida mostra a trajetória de moradores de uma aldeia judia do leste europeu que, ao saberem da aproximação dos nazistas, fogem de trem para a Rússia. Para passarem despercebidos pelos alemães, fingem que foram capturados pelo exército de Hitler e estão a caminho de um campo de concentração. A bordo, há os capturados, os oficiais da SS disfarçados, a tripulação. A farsa se transforma em cruel realidade quando os passageiros começam a se comportar como os personagens que interpretam. | |
A Vida é Bela (dir.: Roberto Benigni, 1997) O longa italiano foi aclamado pelo público, mas criticado pelos ortodoxos por tratar do Holocausto de uma forma mais performática (e cômica) do que austera – ainda assim, escancara para o espectador as tragédias nos campos de concentração. A atuação de Roberto Benigni como Guido, um pai com força extraordinária para salvar o filho da morte e da realidade da guerra, garantiu-lhe um Oscar de melhor ator. A Vida é Bela (que também levou os prêmios de melhor filme estrangeiro e trilha sonora) é uma espécie de fábula trágica que termina com final feliz. | |
A Lista de Schindler (dir.: Steven Spielberg, 1993) Clássico sobre o Holocausto, ganhou de sete estatuetas do Oscar em 1994, entre elas o de melhor filme e diretor – o primeiro de Steven Spielberg. A Lista de Schindler conta a história real de um empresário que salvou milhares de judeus na Segunda Guerra Mundial. Antes que fossem mandados para os campos de concentração, Oskar Schindler os empregava em sua fábrica. Aparentemente atrás da mão-de-obra barata oferecida pelos presos, conseguiu o apoio dos nazistas. A atmosfera em preto e branco imprime ao filme o terror do qual aqueles judeus foram poupados e a tensão pela qual passou Schindler – um dia os nazistas descobririam que não era preciso tanta gente para operar seu negócio. | |
O Diário de Anne Frank (dir.: George Stevens, 1959) O diário de uma garota de 13 anos durante a Segunda Guerra Mundial foi uma das provas mais concretas do temor pelo qual passaram os judeus naquela época. Anne Frank e sua família se esconderam durante dois anos com medo de serem levados a um campo de concentração. Sua última frase foi escrita em 1º de agosto de 1944. Três dias depois, os alemães prenderam toda a família. Anne morreu de tifo em março de 1945, num campo de concentração. Não sobreviveu para contar história, mas suas palavras ainda ecoam na luta contra a intolerância étnica. Foram adaptadas para a Broadway, para o cinema – neste filme que ganhou três prêmios Oscar – e para a televisão. |
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