Veja como o aborto pode ser tema de redação


Centro de uma polêmica que envolveu a Igreja e a classe médica nos últimos dias, provocando reações até do presidente da República, o aborto é um dos temas que podem aparecer nas redações de vestibular.

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Na semana passada, o arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, condenou a interrupção da gravidez da menina de nove anos que teria sido estuprada pelo padrasto, na cidade de Alagoinha (PE), e excomungou os responsáveis pelo aborto. A atitude do religioso foi elogiada pelo Vaticano, mas despertou inconformidade no governo brasileiro, levando o presidente Lula a afirmar que "a medicina está mais certa que a Igreja" e que o aborto é uma questão de saúde pública.

O episódio também serviu para que setores mais progressistas da Igreja defendessem uma interpretação do código canônico - espécie de Constituição católica, que prevê a excomunhão em casos como esse - em relação a complexidade da ética na vida real.

"Discussões como essa, que geram conflito entre ciência e ética, são temas recorrentes nas redações. Além do aborto, questões como eutanásia e pesquisas com células-tronco podem ser apresentadas como tema pelas universidades", diz a professora Maria Aparecida Custódio, mais conhecida como Cida, do laboratório de redação do Curso e Colégio Objetivo, de São Paulo. Segundo ela, as instituições de ensino não costumam fazer correções ideológicas, que julguem a opinião do candidato. "Mas é importante que o vestibulando use argumentos consistentes, com moderação e sem radicalismos", ressalta.

Cida destaca que a dissertação, tipo de texto mais pedido nos vestibulares, exige uma análise racional dos temas propostos, sendo fundamental que o vestibulando não imponha sua opinião como verdade universal. "Ele deve levantar possíveis objeções a seu ponto de vista, para refutá-los no texto. Apresentar diferentes opiniões equilibra a redação. Faz com que o leitor não se sinta excluído", sugere a professora.

Ela reforça ainda que o candidato deve abranger a questão de maneira ampla. "Deve-se tomar cuidado com o reducismo, ignorando questões mais amplas. No caso do aborto, por exemplo, vale falar de assuntos como o direito das mulheres para decidir sobre o próprio corpo, a falta de planejamento familiar no país, a falta de instrução de classes sociais menos favorecidas, a possível banalização do aborto etc.", diz. Além de apresentar bons argumentos, é importante mostrar que está bem informado.

Redação Terra
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