Europa - II Guerra Mundial


Um dos mais importantes motivos foi o surgimento, na década de 1930, na Europa, de governos totalitários com fortes objetivos militaristas e expansionistas. A humilhação sofrida pela Alemanha com o Tratado de Versalhes cria as consdições ideais para a germinação do nacional-socialismo (nazismo) alemão e a ascensão de Adolfo Hitler ao poder, em 1933. O nacional-socialismo toma o poder pela violência, elimina as dissensões internas com métodos violentos e combate a divisão do mundo produzida pela 1ª Guerra, quando os mercados mundiais são repartidos entre França, Bélgica, Reino Unido, Holanda, Itália, Japão e Estados Unidos. Na Itália estava crescendo o Partido Fascista, liderado por benito Mussolini, que se tornou o Duce da Itália, com poderes sem limites.

Na época, Itália e a Alemanha têm regimes políticos semelhantes, mas o que mais as aproxima é o limitado espaço territorial de que dispõem e a acirrada competição pelos mercados internacionais. No período após a 1ª Guerra, algumas nações são favorecidas no plano internacional. É o caso do Reino Unido e da França, donos de vastos impérios coloniais; dos Estados Unidos, avançando rapidamente na disputa pelo mercado mundial; e da União Soviética, rica em recursos naturais e em acelerado processo de desenvolvimento. Já Alemanha, Itália e Japão situam-se em uma área de 4 milhões de quilômetros quadrados e possuem uma população superior à do Reino Unido e Estados Unidos, somados. Assim, o Japão pretende dominar a Ásia; a Itália ocupa a Albânia e a Abissínia (Etiópia); a Alemanha militariza a Renânia, em 1936, e anexa a Áustria, em 1938. Na Conferência de Munique, em 1938, da qual participaram a França, a Alemanha, a Itália e a Inglaterra, Hitler consegue a cessão dos Sudetos (região da Checoslováquia). No ano seguinte, o führer alemão cria o protetorado da Boêmia e anexa o porto lituano de Memel, no mar Báltico. Stalin percebe que as anexações alemãs caminham em direção à União Soviética e firma com Hitler o Pacto Germano-Soviético, em 1939, pelo qual anexa a Lituânia, Letônia, Estônia e parte da Polônia e Finlândia. 

Na Ásia, o Japão também possuía fortes desejos de expandir seus domínios para territórios vizinhos e ilhas da região. Estes três países, com objetivos expansionistas, uniram-se e formaram o Eixo. Um pacto com fortes características militares e com planos de conquistas elaborados em comum acordo. 

Início da Guerra

O marco inicial ocorreu no ano de 1939, quando o exército alemão invadiu a Polônia. Em abril de 1939 Hitler exige a anexação de Dantzig, o "corredor polonês", e a concessão de uma rede rodoviária e ferroviária que cruze a província polonesa da Pomerânia. A Polônia, sem condições de resistir, é invadida por tropas nazistas no dia 1º de setembro. O Reino Unido, comprometido com a defesa da Polônia em caso de agressão, declara guerra à Alemanha. Horas depois, é seguida pela França. Até junho de 1940, quando a Itália declara guerra à França e ao Reino Unido, o conflito está restrito aos três países. A Alemanha invade e ocupa a Noruega, a Bélgica, a Holanda e a França. O domínio alemão na Europa fica patente com a expulsão dos ingleses de Dunquerque e os armistícios assinados pela França com a Itália e Alemanha, em junho de 1940, que dividem o território francês em duas partes. Nesse momento, a Alemanha nazista controla a Áustria, Tchecoslováquia, Dinamarca, Noruega e a maior parte da França. Toda a costa ocidental da Europa pertence ao III Reich e não resta nenhuma tropa inglesa no continente. Os ingleses, violentamente bombardeados, dia e noite, resistem aos nazistas.

Com a divisão da França, o primeiro-ministro francês, marechal Henri Phillipe Pétain, assume poderes ditatoriais em 1940 e transfere a capital para Vichy, uma vez que Paris está ocupada pelas tropas alemãs. O governo de Vichy é anti-republicano, conservador, e colabora estreitamente com os nazistas, sobretudo de janeiro de 1941 até a ocupação alemã, em novembro de 1942.

Enquanto isso, um grupo de franceses, sob a liderança de Charles De Gaulle, retira-se para Londres e apresenta-se como governo alternativo a Vichy. O movimento, chamado "França Livre", entra em contato com as organizações de resistência aos alemães na França ocupada, a "Resistência", em busca de apoio nas colônias francesas da África.

A Alemanha nazista implanta sua "Nova Ordem" nos territórios ocupados, que são explorados segundo os interesses do III Reich. As tropas invasoras apoderam-se dos estoques de matéria-prima e manufaturas e reativam as indústrias paralisadas. Os povos conquistados são obrigados a trabalhos forçados.

A primeira fase da guerra termina com o ataque alemão à União Soviética, em junho de 1941. Em conseqüência, as divergências ideológicas entre capitalistas e comunistas são colocadas em segundo plano. Hitler invade a URSS, por um lado por ter o Comunismo como um inimigo (para seus parâmetros). Nesse momento, 1 milhão de soldados alemães ocupam os Bálcãs. A Wehrmacht (Exército alemão) já domina a Romênia, Bulgária e Hungria e conquista a Iugoslávia e a Grécia. A invasão do território soviético é levada a efeito em aliança com a Finlândia, Hungria e Romênia. Com a subseqüente aliança entre a União Soviética e as potências ocidentais, produzida pelo ataque nazista, a Alemanha empenha-se numa guerra em duas frentes, para a qual não está bem preparada. 

Batalha de Stalingrado 

1941 marca a Batalha de Stalingrado, marco do início da derrota nazista. 

O grosso do maquinário bélico nazista foi deslocado para o chamado "front oriental", virando o centro da Guerra para a Batalha de Stalingrado, que recebeu, a exemplo da Revolução Espanhola, comunistas, anarquistas e anti-fascistas do mundo inteiro. 

Praticamente abandonado pelos Ocidentais, Stalin não se cansava de enviar mensagens pedindo suporte humano com a abertura de um importante "Front Ocidental" que dividisse as forças fascistas, após muitas perdas humanas. 

Stalingrado, além do nome emblemático e simbólico do então Líder da União Soviética, constituía-se em principal porta de entrada aos ricos territórios russos, particularmente terras férteis e petróleo. A URSS coloca-se definitivamente na vanguarda do Comando Aliado.

O poderoso e numeroso Exército Vermelho conseguia sucesso após sucesso: todos os países da Europa (Polônia, Hungria, Romênia, Bulgária, Tchecoslováquia, etc), iam sendo libertados. O Exército soviético foi o primeiro exército vitorioso a entrar efetivamente em Berlim. A Bandeira Vermelha, com uma foice e um martelo a tremular no alto de importantes prédios políticos alemães, como o Bundestag, em meio a um mar de gente comemorando tornou-se o emblema maior da vitória aliada sobre os fascistas de Hitler.

A vitória dos Soviéticos sobre os Nazistas e conseqüente libertação dos países do Leste Europeu constituiu na maior surpresa dos aliados ocidentais que precipitaram o "Desembarque na Normandia", como se disse, para garantir e preservar seus interesses econômicos na Europa.

Pearl Harbor

A Junho de 1941, o Japão, invade a Indochina. O governo dos Estados Unidos da América, indignado, impõe sanções econômicas ao Japão. Como represália, a 7 de Dezembro de 1941, a aviação japonesa atacou Pearl Harbor, a maior base norte-americana do Pacífico. Em apenas duas horas, os pilotos japoneses conseguiram inutilizar todos os navios ancorados no porto.

O ataque japonês à base norte-americana de Pearl Harbor, levou os Estados Unidos a declararem guerra ao Eixo e fez com que o conflito se alastrasse a praticamente todo o mundo. Em junho de 1942 o Japão já ocupa a Indochina Francesa e detém a supremacia naval no Pacífico. Em seguida, toma Hong Kong, Malásia, Cingapura, Índias Orientais Holandesas, Bornéu, Filipinas, Andamãs e Birmânia. As duas facções beligerantes estão definidas: os países do Pacto Anticomintern (o Eixo) – Alemanha, Itália e Japão – contra os Aliados – Inglaterra, Estados Unidos, União Soviética e China. A China já se encontrava em guerra contra o Japão desde 1931. A 2ª Guerra Mundial é uma guerra de máquinas, aviões, tanques, colunas motorizadas, artilharia pesada, navios e submarinos. Antes da explosão do conflito, os Estados Unidos esforçam-se por desenvolver a indústria de guerra e reúnem uma produção bélica 50% mais poderosa do que as da Alemanha e Japão juntos. Nos anos de 1943 e 1944, os Estados Unidos fabricam um navio por dia e um avião a cada cinco minutos.

Guerra de desgaste

O Eixo tenta subjugar a Inglaterra, cortando suas linhas de abastecimento no Atlântico e no Mediterrâneo. As bases de Gibraltar e Malta são constantemente bombardeadas. Em 1940 a Itália fracassa na campanha da África e, na primavera de 1941, os alemães assumem o controle das operações com o Afrikakorps, comandado pelo general Rommel. Com Rommel, os ingleses sofrem duras perdas e a ameaça nazista continua sobre o canal de Suez e o Egito. Hitler, entretanto, mais preocupado com a guerra na Europa, não dá o apoio necessário ao Afrikakorps e, em outubro de 1942, as tropas de Rommel são atacadas pelo 8º Exército Inglês, do general Montgomery, em El Alamein, no Egito. Os alemães retiram-se rumo à Tunísia e a operação consuma-se em maio de 1943, quando os norte-americanos desembarcam na região e os Afrikakorps rendem-se incondicionalmente. Cerca de 250 mil soldados alemães e italianos são aprisionados.

Em julho de 1943 os Aliados desembarcam na Sicília e, em setembro, avançam até Nápoles. Mussolini é destituído em julho e a Itália muda de lado. Tropas alemãs ocupam Roma, o centro e o norte do país, mas a ofensiva aliada toma a capital em junho de 1944 e chega ao norte de Florença em setembro. Em abril de 1945 as forças alemãs na Itália se rendem.

O avanço soviético chega à Romênia em abril/maio de 1944 e a liberta em setembro. A Bulgária é libertada entre setembro e outubro. Também em outubro os exércitos guerrilheiros da Iugoslávia passam à ofensiva, com o apoio de tropas soviéticas. Na Albânia e na Grécia, os guerrilheiros (partisans) realizam levantes e forçam a retirada das tropas alemãs durante o ano de 1944.

O Dia D 

Em 6 de junho de 1944, chamado de "Dia D" pelos Aliados, sob o comando do general Eisenhower, é feito o ataque estratégico que daria o golpe mortal nas forças nazistas que ainda resistem na Europa. Cinqüenta e cinco mil soldados norte-americanos, britânicos e canadenses desembarcam nas praias da Normandia, noroeste da França, na maior operação aeronaval da História, envolvendo mais de 5 mil navios e mil aviões. Os combates são pesados, com numerosas baixas, até 27 de junho, quando o I Exército norte-americano toma o porto de Cherbourg. Em 9 de julho, forças britânicas e canadenses entram em Caen, abrindo caminho para a passagem de tanques pelas defesas alemãs. Paris é libertada em 25 de agosto, Bruxelas em 2 de setembro. A fronteira alemã anterior ao início da guerra é cruzada pelos Aliados em Aachen em 12 de setembro. Ao mesmo tempo, os Aliados lançam bombardeios aéreos pesados contra cidades industriais alemãs. No início de 1945 os soviéticos (pelo leste) e os norte-americanos e britânicos (pelo oeste) fazem uma verdadeira corrida para ver quem chega primeiro a Berlim.

Em novembro de 1942, Dwight Eisenhower, com a patente de general, comanda as forças anglo-americanas na invasão do norte da África. Um ano depois é escolhido para comandar as forças aliadas durante a invasão da Europa ocidental. Desempenha papel importante na derrota do exército alemão na frente oeste. Em 1951 é o comandante supremo da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) na Europa, quando os Estados Unidos resolvem apoiar o tratado. O prestígio o leva à presidência norte-americana. Após quatro anos, reelege-se por maioria absoluta. Desenvolve uma política de impostos baixos e intervenção mínima nos Estados. Nas relações externas, garante a hegemonia dos Estados Unidos. Seu governo é considerado um dos mais bem-sucedidos deste século.

O Brasil na guerra

Em 1937, o Presidente Getúlio Vargas dá um golpe de estado e implanta no Brasil um regime inspirado no fascismo italiano. Em 1940, Getúlio acena com a possibilidade de construir uma siderúrgica no Brasil, com o apoio da indústria alemã Krupp. Os Estados Unidos concedem imediatamente um crédito ao Brasil para financiar a siderúrgica sem a participação alemã. Em 22 de agosto de 1942, Vargas reúne-se com seu novo ministério: " diante da comprovação de dos atos de guerra contra a nossa soberania, foi reconhecida a situação de beligerância entre o Brasil e as nações agressoras - Alemanha e Itália". Em 31 de agosto foi declarado o estado de guerra em todo o território nacional.

Na Conferência do Rio de Janeiro, em 1942, vinte e uma nações latino-americanas reconhecem no ataque japonês a Pearl Harbor uma agressão ao continente e começam a declarar guerra ao Eixo. A FEB (Força Expedicionária Brasileira) combate na Itália. A aviação mexicana combate nas Filipinas. A Força Aérea Paraguaia faz patrulhamento aéreo no Atlântico Sul. A Argentina e o Chile também se envolvem no conflito. Os demais países do continente participam do esforço norte-americano de guerra fornecendo matérias-primas. Foi a primeira grande vitória diplomática dos Estados Unidos no continente. No início dos anos 90, vem a público um documento reservado do Exército norte-americano revelando planos de invasão do Brasil pelos Estados Unidos caso Getúlio não aderisse aos aliados.

Guerra no Pacífico 

No Pacífico, a situação também se inverte com a vitória das tropas norte-americanas na batalha naval de Midway e em Guadalcanal, em 1942. Os Estados Unidos partem para a reconquista da Ásia. No Pacífico central, os norte-americanos conquistam as ilhas Aleutas, Gilbert, Marshall e Marianas entre maio de 1943 e março de 1944 e as Filipinas entre outubro de 1944 e fevereiro de 1945. A Birmânia (atual Mianmá) é reconquistada entre o final de 1944 e o início de 1945 por tropas britânicas, norte-americanas e chinesas. Em fevereiro de 1945 ocorre o primeiro desembarque norte-americano no Japão, na ilha de Iwojima.

Ataque a Hiroshima e Nagasaki 

Com a Guerra contra o Japão praticamente terminada e vitoriosa, os americanos, para marcar posição e intimidar os Soviéticos, dando início assim à Guerra Fria, a 6 de agosto de 1945 é lançada a primeira bomba atômica sobre Hiroshima, deixando mais de 100 mil mortos e 100 mil feridos. A partir de 8 de agosto tropas soviéticas expulsam os japoneses da Mandchúria e da Coréia e ocupam as ilhas Kurilas e Sakalina. Em 9 de agosto é lançada a segunda bomba atômica, dessa vez sobre Nagasaki, com saldo de vítimas semelhante ao de Hiroshima.

O Fim da Guerra

Consta que Hitler tenha dado ordem a um cabo que o matasse com um tiro e enrolasse seu corpo em pneu, incinerando-o e tornando qualquer identificação impossível para os recursos científicos da época. Há quem diga que cometeu suicidio (difícil ter certeza histórica quanto a este ponto, porém seus restos mortais jamais foram encontrados) em 30 de abril, com a chegada das tropas soviéticas a Berlim, e o almirante Doenitz forma novo governo e pede o fim das hostilidades. A capital alemã é ocupada em 2 de maio. A Alemanha se rende incondicionalmente em 7 de maio, em Reims. A capitulação do Japão acontece em 2 de setembro, em Tóquio. A 2ª Guerra Mundial deixa um saldo de 50 milhões de mortos (mais de 20 Milhões de Soviéticos e quase 6 milhões de judeus).

Com o fim da guerra, Alemanha, França e Itália e Japão estão destruídos; a Grã-Bretanha se encontra à beira da exaustão. Os grandes impérios coloniais desmoronam, os países da África e da Ásia passam por processos de descolonização. Estados Unidos e União Soviética emergem como as grandes potências do planeta. Em pouco tempo, a tensão entre as potências se acirra. A polarização das disputas internacionais entre o bloco ocidental e o bloco soviético vai marcar o compasso nas décadas seguintes. É a Guerra Fria que começa.

Fonte: Cultura Brasileira

DOWNJÁ
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