Depois da descoberta da "mina de ouro" no mercado acionário, muita gente passou a investir em ações. Agora, porém, a crise que afeta o setor --a primeira mais séria depois do "boom" do mercado de capitais brasileiro, em 2005-- faz com que os investidores busquem outras opções mais estáveis.
O próprio mercado criou diversas opções de investimento, satisfazendo desde o investidor mais cauteloso até o mais agressivo. Algumas dessas opções já existem há muitos anos, mas só agora ganham importância no cenário em que cada vez mais gente se dispõe a guardar dinheiro e planejar o futuro.
Quando uma pessoa resolve fazer um investimento, ela deve atentar a três principais aspectos, presentes em qualquer modalidade: o risco, a rentabilidade e a liquidez, que é a velocidade pelo qual o investidor pode se desfazer de seu investimento. (clique entenda como funciona cada um)
Principais tipos de investimento e suas características | |||
---|---|---|---|
Tipo de investimento | Rentabilidade | Risco | Liquidez |
Ações de grandes empresas | Média | Médio | Alta |
Ações small caps | Alta | Alto | Média |
CDB/RDB | Baixa | Muito baixo | Média |
Debêntures | Média | Baixo | Média |
Derivativos | Muito alta | Muito alto | Alta |
Dólar ou outras moedas | Média | Alto | Muito alta |
Fundos de ações | Alta | Médio | Alta |
Fundos de private equity | Alta | Alto | Baixa |
Fundos de renda fixa | Baixa | Baixo | Média |
Fundos multimercado | Média | Médio | Média |
Imóveis | Média | Baixo | Muito baixa |
Obras de arte e antiguidades | Baixa | Médio | Muito baixa |
Ouro | Média | Médio | Alta |
Poupança | Muito baixa | Muito baixo | Muito alta |
Previdência privada | Média | Baixo | Média |
Títulos públicos | Baixa | Baixo | Alta |
Confira quais são os principais tipos de investimento
É um título pelo qual o investidor passa a deter parte de uma determinada empresa, podendo ter direito a voto (ações ordinárias) ou não (ações preferenciais). Seu rendimento vem de duas formas: compra e venda conforme o desempenho da ação na bolsa de valores --local em que ela é negociada-- ou através dos dividendos (repartição dos lucros e benefícios dados pela empresa em questão).
Investir em ações pode ser feito diretamente --através do chamado home broker (operação em casa) ou usando uma corretora como intermediadora-- ou através de fundos de ações (veja abaixo).
Dentro desses papéis há vários níveis de risco e liquidez. Ações de grandes empresas, por exemplo, costumam ter um desempenho mais linear porque há muita gente comprando e vendendo ao mesmo tempo --ou seja, tem mais liquidez. Já ações de pequenas empresas (chamadas de "small caps") não possuem grande liquidez e variam mais, o que dá mais possibilidades de ganho (e de perda) com a compra e venda dos papéis.
Quem investe em ação precisa saber que as oscilações são comuns, e que dez entre dez consultores recomendam a modalidade para quem tem "sangue frio" e sabe esperar uma crise passar. Assim, recomenda-se que o dinheiro investido em ações seja um montante com que o dono não precise contar no curto prazo. Com isso, fica mais fácil esperar a recuperação da queda de uma ação, por exemplo.
Trata-se da associação de vários investidores, o que dá mais "poder de fogo" nos investimentos, já que há mais dinheiro disponível para se investir. Normalmente são organizados por corretoras e geridos por profissionais de mercado. Podem tanto investir em apenas um tipo de ação como em "cestas" --ações de várias empresas de um determinado setor ou tamanho, por exemplo.
O tipo de fundo de ações mais comum é o atrelado ao Ibovespa --principal indicador da Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo). O Ibovespa é uma "cesta" composta pelas ações mais negociadas na Bovespa, com uma proporção equivalente a estas negociações. O ganho do investidor, no caso, é o mesmo da variação do Ibovespa no período em que o recurso esteve aplicado.
É um investimento pouco recomendado para pessoas com pouca familiaridade com o assunto. São ativos financeiros que derivam, integral ou parcialmente, do valor de outro ativo financeiro ou mercadoria. Sua variação é muito alta, fazendo com que o investidor ganhe e perca toda a aplicação em pouco tempo.
Investimentos deste tipo são realizados através de corretoras associadas à BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros), onde são operados esses tipos de negócios.
Seus tipos mais comuns são os mercados de opções (onde o investidor compra uma opção de compra de algum ativo em um determinado dia, onde pode ganhar com a diferença entre o preço combinado e o preço real ou, no caso de não exercer a opção, perder o recurso pago para ter direito à compra) e o mercado de futuros (compra de um ativo dentro de um determinado período por um preço pré-fixado).
Um exemplo: no mercado de futuros, o investidor pode fechar um contrato de compra de laranjas por um determinado valor daqui, por exemplo, um mês. O ganho ocorrerá se, por motivos diversos, o preço da laranja disparar no mercado (consumo em alta, geadas em áreas produtoras, etc.), já que o investidor comprará pelo preço previamente combinado. Em compensação, pode perder dinheiro se o preço do produto no mercado cair.
Este expediente é usado como proteção pelo produtor --afinal, independente do que ocorrer no mercado, ele receberá pelo preço já acordado.
Papéis onde sabe-se antecipadamente qual será o retorno (pré-fixado) ou com ganho atrelado a um índice --como o CDB (Certificado de Depósito Bancário), RDB (Recibo de Depósito Bancário) ou a taxa básica de juros, a Selic (pós-fixados)
Eles podem ser privados --emitidos tanto por empresas de capital aberto como pelas instituições financeiras-- e públicas --emitidos pelos governos federal, estadual e municipal.
O investimento nesses títulos pode ser feito através de instituições financeiras ou diretamente, no caso dos títulos públicos, através do Tesouro Direto.
Os títulos de dívida (debêntures, notas promissórias e recebíveis, no caso das empresas; e títulos de dívida pública, no caso do poder público) e os atrelados ao CDB e ao RDB são os mais comuns papéis de renda fixa.
Sua liquidez é relativa, dependendo de seus prazos. Mas, no mercado, é comum a negociação desses papéis enquanto eles não vencem, o que lhe dá maior liquidez. Seu rendimento também depende a quem está atrelado, mas normalmente a possibilidade de ganho é menor do que em investimentos de renda variável.
São fundos cujo recurso aplicado é usado para investimentos em títulos de renda fixa. São feitos através de instituições financeiras, que normalmente usam o recurso em aplicações mais arriscadas, tomando para si os lucros ou perdas resultantes dessa operação.
São fundos onde a idéia é alocar recursos em diferentes tipos de investimento --buscando, assim, maior rentabilidade sem se expor tanto ao risco. Também são feitos através de bancos e corretoras.
São fundos que realizam compra e venda de empresas. O objetivo desses fundos é comprar empresas familiares ou que não possuem capital aberto, profissionalizá-los e desfazer-se do ativo através de uma abertura de capital.
A rentabilidade varia conforme o trabalho que é realizado --uma empresa que ganha força e tem uma abertura de capital bem-sucedida rende mais, porém há o risco dessa empresa não ter um bom desempenho.
Para aplicar nesse tipo de fundo é necessário recorrer a instituições financeiras e gestoras de fundos --mas são poucos deles que fazem esse trabalho.
Geralmente é indicado ao investidor que pretende guardar dinheiro para ter uma aposentadoria mais tranqüila --já que sua tributação é mais alta conforme o tempo de investimento.
Dois tipos de planos de previdência são mais comuns: o PGBL (Plano Gerador de Benefícios Livres) --indicado para quem pretende poupar até 12% da renda bruta e usá-lo realmente para aposentadoria-- e o VGBL (Vida Gerador de Benefícios Livres) --indicado para quem investe mais do que os 12% da renda e que usa a previdência privada como investimento de médio prazo.
O rendimento depende da forma de gestão do fundo pela instituição financeira. Os que possuem maior alavancagem rendem mais, mas podem perder dinheiro. Os menos alavancados, portanto, são mais seguros e com menor rentabilidade. O nível de alavancagem de um fundo é pré-determinado em contrato.
Comprar moedas estrangeiras --em especial o dólar, por ser a moeda mais "líquida"-- sempre foi uma maneira eficaz de se proteger contra a desvalorização da moeda local, uma vez que a cotação da moeda estrangeira se eleva nesses casos. Mas essa lógica pode ser invertida se a própria moeda comprada estiver desvalorizada.
O uso do dólar como investimento é comum a empresas e pessoas com grandes dívidas realizadas nesta moeda. Assim, se o dólar sobe, o custo maior da dívida devido à variação é compensada pelos ganhos do investimento, e vice-versa.
Além de comprar da moeda em si através de casas de câmbio ou instituições financeiras, o investidor ainda pode apostar em fundos cambiais operados por corretoras --mas trata-se de uma opção mais arriscada.
Investimento dado como seguro para momentos de crise nos mercados financeiros por ser um ativo físico de alta liquidez. Assim como o dólar, a rentabilidade é ligada à sua cotação diária.
É considerado o investimento mais conservador. Tem rentabilidade de 0,5% ao mês mais a variação da TR (Taxa de Referência), um fundo garante investimentos de até R$ 60 mil em caso de quebra da instituição financeira que a gere e é isento de Imposto de Renda para pessoa física. Também tem alta liquidez --pode-se retirar os recursos a qualquer momento.
Seu maior problema é a rentabilidade muito baixa --só supera os ganhos com ações caso o mercado financeiro esteja muito turbulento, e até mesmo fundos de renda fixa obtém retorno melhor. É recomendado principalmente a quem tem baixa renda ou não pode correr o risco de perder o dinheiro.
Procurado normalmente por quem quer segurança, pois é um ativo real (não suscetível à variação de humor do mercado). A rentabilidade pode vir tanto pela valorização do bem (localização que se torna mais privilegiada ao longo do tempo, por exemplo) ou através de arrendamento (aluguel). O risco fica na possibilidade de depreciação do imóvel (incêndio, enchentes, desgaste do tempo) e na sua baixa liquidez.
Dentro desta linha ainda aparecem vários fundos imobiliários --onde o investidor aplica um recurso para outra pessoa, normalmente construtoras ou incorporadoras, administrar.
|
Investir em obras de arte ou objetos antigos demanda conhecimento da área ou, ao menos, a consultoria de um profissional. Trata-se de um bom investimento no caso do investidor descobrir "pechinchas". Seus maiores problemas são a baixa liquidez --só se vende facilmente um objeto quando ele é de fácil reconhecimento de qualidade-- e o risco de se comprar um objeto falso.
Até nesse caso é possível arriscar mais ou menos. Uma aposta de baixo risco é comprar obras de artistas famosos. Mas o investidor pode apostar que determinado artista vai no futuro se tornar reconhecido, o que faria sua obra a princípio barata ter uma grande valorização ao longo do tempo. O risco é que também há a possibilidade do artista não "vingar".
0 Response to "Confira os principais tipos de investimento e saiba como aplicar"
Postar um comentário